O projeto

A casa é muito mais do que apenas um espaço físico ou um abrigo: representa segurança, planos para o futuro, desenvolvimento, relaxamento, aprendizagem, memórias, afecto entre tantas, tantas, outras coisas essenciais ao nosso bem-estar. Por isso, é tão importante termos acesso a uma. Infelizmente, hoje em dia, por diversos motivos – é bastante difícil encontrar esse lugar que nos permite obter a tão desejada paz e segurança. Sendo uma pessoa  migrante ou refugiada as dificuldades aumentam ainda mais, sendo praticamente impossível aceder ao mercado imobiliário em Portugal, ficando estas pessoas muitas vezes sujeitas a habitar em hostels sobrelotados, na rua ou à mercê de senhorios que exploram as suas fragilidades.

 

O nosso projeto pensa na CASA em todas as suas dimensões e propõe um modelo de acolhimento inovador e baseado em valores como a hospitalidade, partilha, entreajuda e construção de relações reais e duradouras entre migrantes e pessoas da comunidade de acolhimento.

 

Quem pode partilhar casa?

Todas as pessoas que possuam uma habitação com um ou mais quartos disponíveis quer sejam jovens adultos, famílias com filhos ou pessoas idosas que vivem sozinhas ou em casal. A única pré-condição é que o quarto esteja em bom estado de habitabilidade e que esteja disponível no mínimo por 3 meses. Pessoas que possuam um apartamento ou casa vazia que disponibilizem de forma gratuita ou com renda acessível, também se podem registar.

Como?

Através de uma plataforma de partilha de habitação entre pessoas locais e migrantes.


Processo

Proprietário/a

Quando tivermos um pedido de uma pessoa que precise de ajuda entraremos em contacto com o/a proprietário/a, faremos o cruzamento de dados de ambos e marcamos uma visita e entrevista na casa do/a proprietário/a para ambos se conhecerem, tirarem dúvidas, definirem regras e, se tudo correr bem entre ambas as partes, é feito o matching, consoante a disponibilidade de ambos.

O proprietário terá que indicar se a pessoa terá que contribuir para a renda e/ou despesas da casa ou simplesmente não pagar nada durante a sua estadia.

Seguimos o modelo normal de partilha de casa com outras pessoas, por isso fica a cargo dos novos companheiros/as de casa definirem regras e o modelo de convivência.

Haverá um/a mentor/a que irá acompanhar o/a migrante na sua integração local. O/A mentor/a também irá dar suporte e acompanhamento ao/à proprietário/a, para que a experiência de ambos seja a melhor e mais positiva possível.

O/a proprietário/a não terá qualquer custo extra e não será responsável pelo/a migrante.

Para migrantes e refugiados/as

Antes, aqui ficam algumas informações que deves ter em consideração:

–    a duração da partilha de casa será no mínimo de 3 meses, mas poderá ser estendida mediante o acordo de ambas as partes;

–   poderás dividir a habitação com o próprio senhorio ou com mais pessoas;

–   poderás ter de pagar uma renda mensal e/ou ter de contribuir para a ajuda das despesas correntes (como internet, água e luz);

–  se te candidatares em conjunto com o teu agregado familiar, por favor indica no formulário, já que o processo é diferente.

–  terás sempre o apoio e acompanhamento de um dos membros da nossa equipa que te ajudará no processo de mudança de casa e em todas as dúvidas que tenhas.

–    a tua inscrição no programa não é garantia que conseguirás um quarto pois o processo de match pode ser demorado e está sempre dependente do registo dos proprietários. No entanto, tentaremos sempre encontrar soluções alternativas para os casos mais urgentes, desde que devidamente fundamentados.

Caso precises de outro tipo de apoio podes sempre recorrer ao nosso Gabinete de Apoio ao Migrante.

FAQ

Tudo depende da situação de cada pessoa em específico. No formulário, estarão disponíveis várias opções de partilha de casa para que o match se desenvolva de acordo com o perfil e situação de cada parte. Nota que as pessoas refugiadas e requerentes de asilo recebem um subsídio pelas entidades responsáveis, mas no entanto este nem sempre permite que consigam auto sustentar-se. Já os/as migrantes podem ter ou não direito a apoios sociais dependendo da sua situação legal e económica (por exemplo RSI ou subsídio de desemprego). Os gastos com habitação por vezes são iguais ou superiores ao seu orçamento o que não confere uma qualidade de vida e uma integração devida à pessoa, daí várias modalidades de renda apoiada serem possíveis mediante a análise de cada caso.

A pessoa migrante ou refugiada, como qualquer outro cidadão/ã, tem direito a uma habitação condigna. Por esta razão, só aceitaremos casas para partilha que tenham condições adequadas. Se a sala se enquadrar nelas, dependendo da nossa análise presencial, será incluída neste tipo de alojamento.

Acima de tudo depende da vossa vontade. Contudo, para evitar que o/a migrante fique num estado de incerteza e para que possa traçar objetivos e atingir metas, damos prioridade a pessoas com ofertas de alojamento por um período mínimo de 3 meses que se podem renovar mediante acordo entre as partes. Períodos inferiores também poderão ser analisados em casos especiais.

Irá depender de muitos fatores, mas o principal é que durante a partilha a pessoa que acolhe a pessoa migrante, refugiada ou requerente de asilo, juntamente com o mentor que lhe é atribuído no processo de matching, possam trabalhar na sua integração. O objetivo final é que este consiga ser independente. Como tal pode haver um aumento do tempo de estadia, para que o/a migrante ou refugiado/a possa praticar o seu português, aumentando assim também a possibilidade de trabalho e alojamento próprio em condições condignas. Este processo de partilha de casa irá ampliar-lhes as expectativas da sua integração em Portugal e tem benefícios que perdurarão ao longo do tempo e que não poderiam ser obtidos num modelo de habitação tradicional.

Neste caso acontecerá o mesmo como num apartamento partilhado: juntos/as terão que encontrar uma solução, se necessário com o nosso acompanhamento e mediação. Os primeiros dias podem ser sempre mais complicados por diversos motivos, no fundo um relacionamento está a ser construído e requer de ambas as partes abertura, confiança e muita comunicação, coisas que não se adquirem de um dia para o outro, mas após a convivência e conhecimento uns dos outros. O feedback de outros/as proprietários/as e migrantes é extremamente positivo, mas claro está que podem existir incompatibilidades. Se após várias tentativas não resultar, há a possibilidade de cancelar o acordo.

Não. A Refugees Welcome Portugal é uma organização sem fins lucrativos e em momento nenhum do processo de match cobra um valor monetário ao proprietário ou ao migrante. O eventual valor da renda ou das despesas será acordado e pago entre as partes a que o facto diga respeito e por prévio acordo com o nosso conhecimento. Eventualmente, em casos excecionais –  e caso existam doações que o possam suportar -, poderá ser analisado o apoio ao pagamento de despesas e renda por parte da Refugees Welcome Portugal aos proprietários/as. 

Poderás ajudar-nos a financiar uma renda através de uma doação para a “On The Road – Associação Humanitária”.

Caso tenha uma oferta de trabalho que inclua alojamento ou outra proposta específica, por favor entre em contacto connosco através de email ([email protected]).

Contacta-nos através do email [email protected]