20 anos após a invasão do Iraque

O sonho da democracia no Iraque ainda está longe de ser alcançado.

O fatídico 20 de março de 2003 foi profundamente marcado para a história do povo Iraquiano. Foi neste dia que, mesmo sem a autorização da ONU, os Estados Unidos realizaram uma ocupação ao Iraque com a alegação de que o presidente Saddam Hussein mantinha um arsenal de armas químicas que ameaçava a paz mundial, o que nunca foi encontrado. O país, que também é conhecido pela sua riqueza de petróleo, ainda carrega consequências da invasão e está longe de alcançar a democracia.

Sobre o conflito

De acordo com historiadores, o conflito que durou oito anos, facilitou o fortalecimento e surgimento de grupos armados, considerados como terroristas por países ocidentais e gerou grande ressentimento contra o Ocidente em boa parte das populações árabe e muçulmana.

Os primeiros ataques aéreos foram direcionados aos locais em que Hussein teria encontros com sua equipa. Pouco menos de um mês depois da invasão, os EUA tomaram o controle de toda a região de Bagdá. Dias depois, tropas britânicas aliadas, invadiram outras cidades importantes, como Al-Bashrah, até finalmente chegarem à cidade natal de Hussein, Tikriti. O ditador foi capturado em dezembro e entregue às autoridades iraquianas no ano seguinte, sendo condenado à morte e executado em dezembro de 2006, com isso, os Estados Unidos queriam impor uma “democracia liberal”.

“O problema é que os Estados Unidos ignoravam tudo sobre o Iraque. Não entendiam a natureza da sociedade americana, muito menos a natureza do regime que derrubaram”, afirmou o professor de Estratégia na Escola de Pós-Graduação Naval da Califórnia, em uma entrevista, à AFP (Uma agência global de notícias).

Consequências

A invasão ao Iraque abriu um leque de procedentes para mais violência e uma guerra civil foi instaurada. Houve muitos suicidas, vários usando carros-bomba, geralmente matando dezenas de civis e mercados da comunidade xiita foram alvos de ataques, organizados pelo grupo Al-Qaeda.

De 2003 a 2011, ano da retirada americana, mais de 100.000 civis iraquianos morreram, segundo a organização Iraq Body Count. Já os EUA, registraram a morte de quase 4.500 cidadãos do país.

O grupo Estado Islâmico ocupou quase um terço do território do Iraque, entre os anos de 2014 e 2017, quando Bagdá e uma coalizão internacional anunciaram “vitória” militar contra os extremistas.

De acordo com o Alto Comissário das Nações Unidas para os refugiados, só em 2007, havia mais de 3,9 milhões de refugiados iraquianos, ou quase 16% da população. Dois milhões abandonaram o Iraque. Estima-se que em junho de 2007, 2,2 milhões de iraquianos tenham fugido para países vizinhos e 2 milhões deslocaram-se internamente.

Duas décadas depois

A grande diversidade étnica religiosa é uma das características do Iraque, mas ao longo dos anos, a violência alterou profundamente esse fato e parte da comunidade cristã emigrou. Após tantos conflitos o Iraque afundou em um cenário de completa instabilidade.

Os protestos contra a corrupção e a interferência do Irã foram frequentes e os iraquianos foram reprimidos de forma sangrenta em 2019. Após um ano de confrontos armados e paralisações políticas entre grupos xiitas rivais, os partidos chegaram a um acordo sobre o nome do novo primeiro-ministro.

O chefe de Governo, Mohamed Shia al Sudani, declarou à AFP que deseja lutar contra a corrupção “respeitando os procedimentos” em vigor neste país, que ocupa o 157º lugar entre 180 no índice de corrupção da organização Transparência Internacional.

Para AFP, o cientista político iraquiano-canadense Hamzeh Haddad, disse que a tarefa é titânica porque “a corrupção está arraigada no Iraque”, para quem estas práticas começaram “a prosperar no período das sanções internacionais” contra Bagdá nos anos 1990.

A falta de infraestrutura também é um grande problema no Iraque, devido a isto, cortes diários de energia elétrica, estradas em colapso e falhas no abastecimento são registrados frequentemente.

Este triste cenário traz um dia a dia de luta constante para os iraquianos, em especial para os mais de 30% que vivem na linha da pobreza.

Mas Haddad destaca que o Iraque “é um Estado a caminho da democratização. As pessoas tendem a esquecer que 20 anos é um período muito curto na vida de um Estado”.

Após duas décadas, a conquista pela democracia ainda caminha em passos lentos e o Iraque continua a registrar uma série de conflitos que parecem estar longe de acabar. A pergunta que fica é: até quando a comunidade iraquiana irá lutar para conseguir um país justo? Se passaram anos, mas a realidade infelizmente continua a mesma.

 

Artigo de Opinião, escrito pela voluntária Laryssa Ribeiro

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