Foto: Jim Pringle/AP/Arquivo
Mais de 750 mil deixam as suas terras na Palestina após a fundação do Estado de Israel.
Nakba é o nome dado ao êxodo forçado de mais de 750 mil pessoas palestinianas de suas terras após a fundação do Estado de Israel em 1948. Esse evento marcou o início de um conflito histórico entre israelenses e pessoas palestinianas, que ainda persiste até hoje.
A Nakba, que significa “catástrofe” em árabe, foi desencadeada pela Declaração de Balfour de 1917. Nessa declaração, o Reino Unido prometeu apoiar a criação de uma pátria judaica na Palestina. Essa promessa incentivou a imigração de judeus europeus para a região, que já era habitada por uma maioria árabe muçulmana. As tensões entre os dois povos aumentaram ao longo das décadas seguintes, resultando em revoltas e violência.
Em 1947, as Nações Unidas propuseram um plano de partilha da Palestina em dois Estados: um judeu e um árabe. Os líderes sionistas aceitaram o plano, mas os árabes o rejeitaram. Em 15 de maio de 1948, os judeus declararam a independência de Israel, provocando uma guerra com os países árabes vizinhos.
Durante a guerra, que durou até 1949, as forças israelenses expulsaram ou forçaram a fuga de centenas de milhares de pessoas palestinianas de suas casas, vilas e cidades. Atualmente, existem cerca de 6 milhões de pessoas refugiadas palestinas registadas vivendo em pelo menos 58 campos localizadas dentro das fronteiras de Israel como cidadãos de segunda classe e em países como Líbano, Jordânia, Síria e Egito, ou em áreas da Cisjordânia e da Faixa de Gaza.
Foto: Al Jazeera
Entre 1947 e 1949, as principais cidades palestinas foram atacadas por forças militares sionistas e aproximadamente 530 aldeias foram destruídas. Durante esse período, cerca de 15 mil pessoas da Palestina perderam suas vidas numa série de atrocidades em massa, incluindo vários massacres.
Em 9 de abril de 1948, um dos massacres mais notórios da guerra ocorreu na aldeia de Deir Yassin, localizada na periferia oeste de Jerusalém. Mais de 110 homens, mulheres e crianças foram mortos pelas forças sionistas, incluindo membros das milícias pré-israelenses Irgun e Stern Gang.
Foto: Al Jazeera
Todos os anos no dia 15 de maio, a Nakba é lembrada pelas pessoas palestinianas e seus apoiadores como um dia de luto e resistência. Nesse dia, eles realizam manifestações, marchas e cerimônias em homenagem às vítimas e para defender sua causa. Essa também é uma forma de denunciar as violações dos direitos humanos cometidas por Israel contra o povo palestino.
Como reivindicação pelo direito de retorno, no dia da Nakba, as pessoas palestinianas saem às ruas com as chaves das casas das quais foram expulsos há 75 anos. Essas chaves são sinal de resiliência, esperança e de que será possível, um dia, voltarem a casa. Consiste em uma das relíquias mais preciosas que muitas famílias guardam e conseguiram manter de geração em geração.
A Nakba é um dos principais obstáculos para a paz no Oriente Médio. A Palestina exige o reconhecimento do seu sofrimento histórico e o cumprimento das resoluções internacionais que garantem o seu direito à autodeterminação e à justiça. Israel nega a existência da Nakba ou a minimiza como um resultado inevitável da guerra. O país também teme que o retorno das pessoas refugiadas da Palestina ameaça a sua segurança e identidade nacional.
Todos os anos, Israel destrói centenas de casas palestinas e mantém aproximadamente 4.450 palestinos presos, incluindo 160 crianças, 32 mulheres e 530 detidos administrativos. Além disso, existem cerca de 750 mil colonos israelenses vivendo em pelo menos 250 colónias ilegais na Cisjordânia ocupada e na Jerusalém Oriental ocupada. Essas colónias israelenses são comunidades judaicas fortemente fortificadas e consideradas ilegais sob a lei internacional.
A Nakba é uma ferida aberta na memória coletiva da Palestina. É também uma lição para a humanidade sobre as consequências trágicas da opressão, da injustiça e da violência. Essa é uma história que não pode ser esquecida nem silenciada.
Artigo de opinião escrito pela jornalista voluntária Lívia Enders, com informações da AL JAZEERA e BBC.