Acampamentos estudantis pela Palestina alastram-se por todo o mundo

O que tem acontecido
Há mais de três semanas, têm-se alastrado por todo o mundo acampamentos de solidariedade com a Palestina, organizados pela comunidade estudantil. 

Com início nos campus nos Estados Unidos, onde agora há mais de 50 acampamentos, os alunos exigem o desinvestimento imediato em empresas que beneficiam o estado sionista de Israel, forçando o corte de relações das suas universidades com empresas, projetos ou fabricantes de armas que lucram com o genocídio em curso.


Em várias destas demonstrações as próprias faculdades recorreram às forças policiais para o desmantelamento dos acampamentos. Houve uso de violência excessiva por parte das mesmas que, além de força extrema, usaram gás pimenta, balas de borracha, destaparam as caras dos estudantes ou até tentaram prender estudantes enquanto estes rezavam.


Na Universidade da Califórnia em Los Angeles, uma mob de sionistas atacou defensores da Palestina com foguetes e gás pimenta durante 3 horas antes da polícia chegar, deixando os estudantes desprotegidos com a inação das forças policiais.

Agora, há mais de 2,200 estudantes presos nos EUA, sendo que vários professores foram também detidos.

Além das detenções, as faculdades suspenderam, expulsaram ou ameaçaram os estudantes que não poderiam fazer os exames ou que perderiam o direito à habitação estudantil. Aulas foram canceladas ou adaptadas para formato online, cerimónias de graduação adiadas ou mudadas de local, até deu-se o caso da Universidade de Nova Iorque construir uma parede à volta do acampamento.

Noutros momentos, foram nas próprias cerimónias de graduação nas quais os alunos manifestaram o seu apoio pela Palestina, carregando nos ecrãs dos seus telemóveis mensagens pelo fim dos crimes genocidas e das ligações económicas cúmplices com o sistema de ocupação israelita.

Locais no mundo
Além dos Estados Unidos, há acampamentos a acontecer na Tunísia, Canadá, Inglaterra, Espanha, Japão, Alemanha, Holanda, México, França, Suíça, Irlanda, Cuba, Costa Rica, Austrália, Noruega, Argentina, Índia, Kuwait, Jordânia, Líbano, Itália e Portugal, com tendência a aumentarem.

 

Exemplos históricos da revolta estudantil
É inevitável não se fazerem paralelismos deste movimento estudantil com outros do passado que ajudaram a mudar o paradigma da época em que aconteceram. 


Nos anos 30, com o crescimento de Hitler no poder, foram muitos os estudantes antifascistas que se manifestaram contra o regime, deparados com bastante violência policial, na época.

 

Por volta de 1968, e um pouco por toda a Europa, ocorreram vários protestos estudantis exigindo a mudança do paradigma vivido na época, tendo em conta diferentes contextos político-sociais (na França, na antiga Checoslováquia, Polónia, Hungria, Grécia, Sérvia, são apenas alguns dos locais destacados).


Como oposição à Guerra no Vietname, em 1968, os estudantes manifestaram-se contra a ligação da Columbia com a pesquisa de armas de guerra, bem como contra o tratamento racista para com as minorias.

Em 1979, os Stonewall Riots foram fundamentais para o crescimento do movimento internacional pelos direitos LGBTQI+.

Em 1985, foi na Universidade de Columbia que os estudantes exigiram o desinvestimento de 3.1 biliões alocados ao apartheid sul africano.


Outros resultados
Há já várias universidades que chegaram a um acordo com os estudantes, cumprindo algumas das suas exigências e não recorrendo ao uso das forças policiais para o desmantelamento caótico dos acampamentos. Desta forma, conseguiram proteger os alunos, respeitando a sua liberdade de expressão e desinvestindo em empresas que violam os direitos humanos nos territórios ocupados palestinianos.

Entre estas destaca-se, por exemplo, a Universidade Goldsmiths (Inglaterra), que prometeu uma nova política de investimento ético e renomeação de um dos seus auditórios em homenagem a Shireen Abu Akleh (jornalista palestino-estadunidense assassinada em 2022), após os estudantes ocuparem a biblioteca.


As Universidades de Columbia e Emory estão a ser investigadas por discriminação anti-muçulmana.


Como os media instrumentalizam os protestos nas universidades
Já várias vezes, a comunidade estudantil foi condenada pelo governo americano e israelita, em conjunto com os media, demonizando estes atos de acampamentos de solidariedade como “terroristas”, “radicais” e até, como “anti-semitas”. A instrumentalização dos protestos nas universidades acaba por ser uma perigosa estratégia de silenciamento dos movimentos pela Palestina que se têm vindo a espalhar por todo o mundo.

Olhos em Rafah, olhos em Gaza, olhos na Palestina
Não há universidades em Gaza que restem.
12 das Universidades que existiam em Gaza foram bombardeadas, com mais de 80% das escolas destruídas ou danificadas.
É essencial continuar-se a fazer pressão para o Boicote, Desinvestimento e Sanções a entidades que lucram com o genocídio que está a decorrer na Palestina, exigindo um fim da ocupação e colonização dos territórios palestinos.

Em Portugal
Foi convocada, pelos Estudantes em Defesa da Palestina do Porto em conjunto com o coletivo pela Libertação da Palestina, uma assentada estudantil e comunitária pelo corte imediato das relações da universidade do Porto com Israel, dia 8 de maio, às 14h, em frente à Reitoria do Porto.
Há uma carta aberta endereçada à direção da UP, que pode ser assinada e que lista as suas ligações claras ao sionismo.

 


As ações de solidariedade multiplicadas pelo mundo refletem o e sobre o estado de justiça social e a interseccionalidade da mesma, exigindo mudanças necessárias para o cumprimento total e vitalício dos Direitos Humanos para com o povo palestino.


Fontes:

  1. https://www.instagram.com/p/C6V-NotMjbu/?img_index=7 
  2. https://www.instagram.com/p/C6cAWQbSPdw/?img_index=10
  3. https://www.washingtonpost.com/education/2024/05/06/college-protests-suspensions-expulsion-arrests/
    https://apnews.com/article/israel-palestine-gaza-war-universities-campus-protests-3afafc2d56c6dc87635549475d94e1d6
  4. https://www.aljazeera.com/features/2024/5/6/us-student-protests-of-israeli-genocide-offer-hope-to-students-from-gaza
    https://www.aljazeera.com/features/2024/5/6/us-student-protests-of-israeli-genocide-offer-hope-to-students-from-gaza
  5. https://www.aljazeera.com/opinions/2024/5/6/watching-the-watchdogs-how-us-media-messed-up-campus-protests-coverage 
  6. https://www.theguardian.com/us-news/article/2024/may/06/mit-palestine-gaza-university-protests 
  7. https://www.vox.com/2024/4/24/24138333/columbia-student-protests-gaza-nyu-divest-faculty
  8. https://causaoperaria.org.br/2024/mobilizar-os-estudantes-contra-genocidio-sionista-em-gaza/
  9. https://www.vox.com/24147461/columbia-gaza-encampment-campus-protests-police-crackdown-pro-palestinian-students
  10. https://www.instagram.com/p/C6O3kBPsY8q/?img_index=1 
  11. https://www.euronews.com/culture/2024/05/05/crying-out-for-change-a-short-history-of-student-protests-in-europe 
  12. https://visualizingpalestine.org/visual/divesting-for-justice-timeline/
    https://www.aljazeera.com/news/2024/5/7/pro-palestine-protests-how-some-universities-reached-deals-with-students 
  13. https://www.npr.org/sections/pictureshow/2024/05/04/1248904667/campus-protests-photos

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