Dia Internacional da Lembrança e do Tributo às Vítimas do Terrorismo

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O dia 21 de agosto marca, desde 2017, o Dia Internacional da Lembrança e do Tributo às Vítimas do Terrorismo com o objetivo de homenagear e apoiar as vítimas e sobreviventes do terrorismo e promover e proteger o pleno gozo de seus direitos humanos e liberdades fundamentais, dando-lhes voz e providenciando recursos para que possam reabilitar-se ( não só fisicamente, mas também a nível mental, social e financeiro). 

 

Neste dia é importante lembrar os Estados e governos da necessidade de criar políticas e medidas de re(integração) na vida social, criando estruturas e soluções de apoio a longo prazo (e não apenas de urgência) para as vítimas, familiares, amigos/as e toda a comunidade afetada pelos ataques. As últimas estatísticas conhecidas datam de 2021 que nos informam que, a nível mundial, ocorreram:

  • 5226 ataques terroristas que provocaram 7142 mortes e um número imensurável de vítimas e demais pessoas afetadas.

Pelo terceiro ano consecutivo o Afeganistão continua a ser o país com mais incidência terrorista seguido do Iraque, Somália, Burkina Faso e Síria.

O relatório Índice de Terrorismo Global, publicado anualmente pelo Instituto de Economia e Paz, destaca as seguintes conclusões:

  • mudança na dinâmica do terrorismo, tornando-se mais concentrado em regiões e países sofrem de instabilidade política e de conflitos, como o Sahel* e Afeganistão. 
  • conflito violento continua a ser o principal fator do terrorismo, com mais de 97% dos ataques terroristas a ocorrer em países em conflito. 
  • Os ataques em países envolvidos em conflito são seis vezes mais mortais do que ataques em países pacíficos.
  • No Ocidente, o número de ataques caiu substancialmente nos últimos três anos: 59 ataques e 10 mortes foram registrados em 2021, uma diminuição de 68 e 70%, respectivamente, desde o pico em 2018. 
  • Na Europa, Extremistas Islâmicos realizaram apenas 3 ataques.
  • O EI continua a ser o grupo terrorista mais mortal do mundo. 


O relatório também analisa a relação entre insurgência, conflito e terrorismo e constata que os grupos que existem por mais de 12 anos são muito difíceis de parar. Por outro lado, mais de metade de todos os grupos terroristas não sobrevivem mais do que três anos, sendo, assim, fulcral centrar as operações de combate ao terrorismo enquanto os grupos ainda são recentes.

A Europol também revelou, em relatório recente, estatísticas e tendências sobre o terrorismo na UE. 

  1. Segundo o mesmo, em 2021, ocorreram na UE 15 ataques terroristas que resultaram em 388 detenções, 2 das quais em solo Português;

  2. Dos 15 ataques, 11 tiveram motivações religiosas, e os restantes motivações políticas (3 de extrema direita e 1 de extrema esquerda).

  3. A França sofreu o maior número de ataques (5), seguida da Alemanha (3) e Suécia (2). 

  4. As detenções ocorridas em território europeu têm várias causas (não apenas diretamente ligadas aos ataques) como por exemplo:

    1. (Preparação de) ataques terroristas;

    2. Financiamento do terrorismo e fornecimento de apoio logístico e outros;

    3. Processos cumulativos por terrorismo e crimes internacionais

    4. Divulgação de conteúdo terrorista, recrutamento, (auto) doutrinação, treinamento, incitamento e glorificação do terrorismo.

O crescimento do terrorismo político extremista 

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O terrorismo político já ultrapassou o religioso no Ocidente. Ataques com motivações religiosas diminuíram 82% em 2021. 

 

O COVID-19 afetou as táticas usadas por grupos terroristas para espalhar a sua ideologia e os seus processos de radicalização e recrutamento.

 

Durante a pandemia do COVID-19, a combinação de aumento da presença online e o isolamento social aprofundou a suscetibilidade das pessoas à radicalização. Para os/as defensores/as de ideologias extremistas, a crise surgiu como uma oportunidade para difundir a sua narrativa. 


Novos tópicos de propaganda foram retomados tanto pela direita quanto pela esquerda extremistas durante a pandemia, incluindo teorias da conspiração sobre a origem da Pandemia, desinformação sobre o lançamento da vacinação e alegações de vigilância em massa por parte das autoridades. 

 Sites, blogs, redes sociais e diversas apps de mensagens têm desempenhado um papel importante na disseminação de materiais de propaganda durante a crise.

A extrema direita e o perigo da propaganda

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  • A propaganda extremista de direita tem potencial de radicalização de homens muito jovens, muitas vezes ainda menores.

  • Em alguns casos, uma forma menos agressiva de propaganda é distribuída primeiro e, quando a pessoa mostra interesse, mais conteúdo extremista é partilhado. 

  • Organizações extremistas têm procurado integrar questões sociais atuais nas suas narrativas, a fim de parecerem mais relevantes e atingir um público mais amplo, bem como melhorar a sua imagem pública.

  • Em casos particulares, grupos de direita até se fizeram passar por salvadores em situações de crise como por exemplo nas inundações na Bélgica em 2021 onde se apresentaram como heróis, recolhendo mantimentos para ajudar os/as cidadãos/as afetados/as na área. O objetivo destas ações era o de ganhar novos/as apoiantes e, ao mesmo tempo, destacar as deficiências e os atrasos na assistência governamental.

  • A propaganda extremista de direita criticou fortemente a imigração e as políticas da UE, atribuindo aumento da criminalidade para as populações migrantes.

  • A perda de valores tradicionais e estruturas sociais, como a família clássica, é também regularmente apresentado na propaganda extremista de direita, juntamente com a xenofobia, homofobia e antifeminismo.