Dia Mundial da Prevenção do Suicídio – Criando Esperança Através da Ação

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1. O que é o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio?

O Dia Mundial da Prevenção do Suicídio é um dia dedicado à consciencialização do público geral sobre o suicídio e à sua prevenção através do acesso a informação e aos meios necessários. Celebra-se anualmente, dia 10 de setembro, tendo sido reconhecido em 2003 pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio (IASP) em conjunto com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Assim, desde 2003, a IASP tem vindo a organizar uma série de campanhas no âmbito deste dia.

Este ano, por exemplo, decorre a campanha #CycleTheGlobe, de dia 10 de setembro a 10 de outubro, em que todas as pessoas são encorajadas a pegar nas suas bicicletas, e andar qualquer distância em qualquer estrada, ciclovia ou até no ginásio. Este projeto, como muitos outros desenvolvidos ao longo dos últimos 20 anos, serve para chamar à atenção sobre o grande problema de Saúde Pública que é o suicídio, oferecendo uma luz de esperança para quem dela precisa.

 

2. Os números

Estima-se que, por ano, quase 800 mil pessoas morram por suicídio em todo o Mundo, sendo que mais de 1 em cada 100 mortes (1,3%) ocorrem como resultado de um suicídio – estamos a falar de valores superiores aos casos de morte por HIV, malária ou cancro da mama. Já as tentativas ocorrem em número cerca de 25 vezes superior ao número de suicídios. Isto significa que, em média, a cada 40 segundos uma pessoa tira a sua própria vida.

Já em Portugal, morrem três pessoas por dia devido a suicídio. De acordo com o Centro de Apoio Psicológico e Intervenção em Crise (CAPIC), criado pelo INEM em 2004, em 2021 foram registadas 3496 ocorrências relacionadas com comportamentos suicidários, ou seja, tentativas de suicídio, intenções suicidas ou ideações suicidas.


3. Grupos de risco

O suicídio é um problema que afeta toda a população mundial, indiscriminadamente. Ainda assim, têm sidas observadas taxas altas de suicídio entre determinados grupos populacionais, concretamente, grupos minoritários vulneráveis, como membros da comunidade LGBTQIA+, pessoas indígenas, imigrantes ou refugiadas.

A qualidade e quantidade de estudos de natureza estatística no que toca ao registo de comportamentos suicidários é extremamente baixa. A Organização Mundial de Saúde aponta para este défice de informação como um dos principais problemas no combate ao suicídio: apenas cerca de 80 dos 183 estados-membros da OMS apresenta dados de qualidade considerada “boa” para serem utilizados em estatísticas.

Esta dificuldade está imensamente presente no estudo das taxas de ocorrência de comportamentos suicidários entre pessoas refugiadas e outros indivíduos deslocados à força. Pessoas nesta situação apresentam uma taxa desproporcionadamente mais alta de fatores de risco de suicídio: a discriminação, o desalojamento, as barreiras culturais e linguísticas são tudo causas de stress e de dano à sua saúde mental. Ademais, a separação dos amigos, família, e comunidade resulta numa carência de sistemas de apoio de que estes indivíduos beneficiariam imenso.

Estudos vieram a demonstrar uma percentagem de suicídio nas comunidades de refugiados que variaram entre 3.4% e 34% num total de mortes registadas. Infelizmente, as já mencionadas insuficiências na elaboração e recolha de dados, juntamente com a mobilidade das comunidades de refugiados, dificultam avanços nestes estudos, tão necessários no contexto da crise migratória atual.

Assim, estatísticas que pintam um quadro mais positivo das ocorrências suicidárias, não correspondendo à realidade, terão consequências na eficácia das respostas nacionais e internacionais quanto à problemática do suicídio. Isto é extremamente preocupante.

 

4. Onde procurar ajuda?

Embora os comportamentos suicidários causem e advenham de um grande sofrimento emocional, é possível preveni-los, como assim pretende salientar a celebração deste Dia Mundial da Prevenção do Suicídio, que tem como tema trianual: “Criando Esperança Através da Ação”. E uma das formas de o fazer é tomando conta da nossa saúde mental, procurando o apoio profissional e pessoal necessário para ultrapassar períodos de crise.

Deixamos aqui algumas linhas de apoio:

  1. Número Europeu de Emergência: 112

  2. Serviço de Aconselhamento Psicológico da Linha SNS24: 808 24 24 24

  3. SOS Voz Amiga, Lisboa, das 16h às 24h: 213 544 545 / 912 802 669 / 963 524 660

  4. Linha Verde gratuita: 800 209 899 (entre as 21h e as 24h)

  5. Conversa Amiga Inatel, das 15h às 22h: 808 237 327 / 210 027 159

  6. Vozes Amigas de Esperança de Portugal, das 16h às 22h: 222 030 707

  7. Voz de Apoio, Porto, das 21h às 24h: 225 506 070

Fontes:

Suicídio em Portugal: Como se Pensa Este Comportamento em Sociedade. Disponível em: https://gerador.eu/suicidio-em-numeros/

CAPIC – Centro de Apoio Psicológico e Intervenção em Crise. Disponível em: https://www.inem.pt/category/servicos/centro-de-apoio-psicologico-e-intervencao-em-crise/

Vamos falar sobre suicídio? OPP disponibiliza documento no Dia Mundial da Prevenção do Suicídio. Disponível em: https://www.ordemdospsicologos.pt/pt/noticia/3626

Suicide rates and suicidal behaviour in displaced people: A systematic review. Disponível em: https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0263797

Vijayakumar L, Jotheeswaran A. Suicide in refugees and asylum seekers. Mental health of refugees and asylum seekers. 2010:195–210.

Eis um guia de serviços de apoio psicológico acessíveis — porque pedir ajuda não pode ser um pesadelo. Disponível em: https://www.publico.pt/2021/10/10/p3/noticia/eis-dez-servicos-apoio-psicologico-acessiveis-pedir-ajuda-nao-pesadelo-1980389

https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/suicide

https://www.iasp.info/

Artigo escrito pela nossa voluntária Margarida Mestre. Licenciada pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, tem especial interesse em matéria de Direito Internacional Humanitário.

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